Hiroshima após a bomba: a história de uma cidade que busca a paz

Um dos lugares que estava mais intrigada em conhecer no Japão era Hiroshima. Já faz 70 anos desde que a primeira bomba nuclear foi liberada no mundo, bem na cidade de Hiroshima. E eu sempre tive curiosidade em ver como a cidade japonesa se reergueu depois da tragédia e como é hoje. Muita gente acaba pensando que o povo de lá deve ser diferente, que a cidade deve ser triste, e coisas do tipo.

Como vão ver ao longo deste post, a história não é bem assim. Eles lembram do passado para educar as pessoas a não cometerem os mesmos erros, mas seguiram em frente com muito orgulho. Sempre quis conhecer melhor a realidade do local e, neste post, vou contar como foi.

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MEMORIAL DA PAZ DE HIROSHIMA


Olha gente, se não tivesse um super parque e museu Memorial à Paz, você nunca diria que um dia aquela cidade passou por uma catástrofe tão devastadora. O povo é super educado e calmo, como no resto do Japão; as construções são modernas, com ruas super agitadas como em qualquer cidade grande. Mas lá no centrão a gente encontra ela, a única estrutura sobrevivente, descascada, aos pedaços, mas de pé, como um símbolo de busca à abolição das bombas nucleares no mundo, O Atomic Bomb Dome.

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Atomic Bomb Dome Hiroshima
Atomic Bomb Dome

ROSA DE HIROSHIMA


O Atomic Bomb Dome é simplesmente lindo, eu diria até poético. Enquanto eu observava o prédio, a única coisa que passava repetidamente na minha cabeça era o poema A Rosa de Hiroshima, de Vinícus de Moraes:

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada

 
Desde a época de escola esse poema e a história de Hiroshima me marcou. Achava ele forte, triste, envolvente. Mal eu sabia que um dia teria a oportunidade de estar frente a frente com o que restou dessas memórias de guerra, tão perto ao ponto de sentir um arrepio nas costas, como se as memórias fossem minhas.


É engraçado como algumas coisas marcam a gente, não é? É impossível não se perder em pensamentos de como o ser humano pode ser tão cruel, e ao mesmo tempo ter tanta força para se reerguer de uma tragédia dessa proporção e aprender a viver em uma comunidade mais unida, prestativa e educada. Pois assim é o povo japonês, você vai ver. Sem dúvida eles aprenderam e cresceram muito com o resultado da 2ª Guerra Mundial. Espero que o povo brasileiro não precise passar por nada tão drástico para começar a se unir e se ajudar…
 

japonesas-hiroshima
Estudantes japonesas felizes posando para minha câmera <3

CURIOSIDADES SOBRE O ATOMIC BOMB DOME


Foi discutido à época se o prédio deveria ser mantido na história de Hiroshima ou demolido, pois muitos acreditavam que não era necessário lembrar da dor que tantas famílias passaram em 6 de Agosto de 1945. E justamente pela força dessa lembrança que a estrutura foi mantida, e hoje é patrimônio da UNESCO. Ela não deixa os Japoneses esquecerem de sua história e de seus erros, para que eles nunca mais se repitam, segundo suas próprias palavras:

museu de história de Hiroshima

“Let all the souls here rest in peace, for we shall not repeat the evil”

“Que todas as almas aqui descansem em paz, para que nunca mais repitamos esse mal”, o mal, o erro de entrar na guerra, claro. Essa é a mensagem escrita nesse memorial, que guarda todos os nomes das vítimas identificadas na tragédia da bomba atômica.

Desde então a história de Hiroshima se tornou um símbolo de paz e protesto pelo fim do uso de armas nucleares. Eles acreditam que o ser humano não é capaz de manter algo tão poderoso em suas mãos, e eu concordo.

Por conta disso, foi acesa uma chama que não se apagará até que a última arma nuclear deixe de existir. Infelizmente tenho a impressão que essa chama ainda vai ficar acesa por muitas e muitas gerações…
 

Chama acesa em protesto às armas nucleares
Chama acesa em protesto às armas nucleares

MUSEU DA BOMBA DE HIROSHIMA


Para entender melhor como funciona a bomba atômica e como ela atingiu a população japonesa, você não pode deixar de visitar o Museu Memorial à Paz (Peace Memorial Musuem). Acho que foi o primeiro museu que eu literalmente li absolutamente todas as placas e informações de cada peça ali exposta.

Mas devo te avisar: esse museu da história de Hiroshima é só para os fortes. Não é nada fácil encarar os restos dos objetos derretidos pela bomba, que em 1 segundo gerou uma bola de calor de 1 milhãoº C. Isso mesmo, temperatura de 1 MILHÃO GRAUS CELSIUS.  A história é tão comovente, e tudo se torna tão real, que é impossível não se imaginar vivendo todo aquele caos e dor.

 história de Hiroshima

Pedaços de unhas, mechas de cabelo, livros, lancheiras e bicicletas. Tudo o que os pais puderam guardar para relembrar seus filhos que morreram na tragédia foram salvos e posteriormente doados ao museu. Acho que o fato de ter tantos relatos de mortes de crianças que abala tanto a gente.

Nos faz lembrar que em tempos de guerra não existe perdão. Mais de 5 mil crianças acima dos 12 anos trabalhavam no hospital onde a bomba atômica foi liberada, e mais de 300 mil pessoas morreram pelos seus afeitos e fizeram a história de Hiroshima. Se o fato de ser necessário o trabalho manual de tantas crianças durante a guerra já não fosse tragédia o suficiente, elas ainda foram tiradas de suas famílias por esse golpe sujo.

Bomba suja, é como se chama a bomba atômica, pois ela não maltrata somente os diretamente atingidos, mas a sua radiação vai corroendo o corpo daqueles que estavam há quilômetros de distância do epicentro durante décadas.

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SADAKO E SEUS TSURUS


E foi assim que a menina Sadako morreu e virou um mito no Japão, vou contar sua história rapidamente: Sadako tinha 2 anos quando a bomba foi detonada em Hiroshima, e aparentemente ela sobreviveu bem e saudável. 10 anos depois, a radiação escondida em seu corpo desencadeou uma leucemia, que ela lutou contra durante longos 8 meses. Ela acreditava que se conseguisse dobrar 1000 tisurus (aquela garça de origami super fofa, que é símbolo da paz, sabe?) sobreviveria a doença. Infelizmente antes de conseguir finalizar ela morreu.

Tsurus
Alguns dos tsurus originais da Sudoko

Seus amigos de escola finalizaram o trabalho por ela, e depois fizeram um protesto em sua morte, pedindo fundos para a criação de um monumento em homenagem a todas as crianças mortas pela bomba em Hiroshima.

Quando fui conhecer o monumento, tinham muuuuuuitos estudantes em frente, fazendo alguma homenagem à história de Hiroshima. Um orador dizia algumas coisas, e os outros alunos repetiam, como uma reza. Claro que eu não entendi nada, mas bonito de se ver. No final eles entregaram um bolão de tsurus coloridos, que pela quantidade de origamis dispostos, isso deve ser uma prática comum entre os alunos em Hiroshima.

monumento-as-criancas-hiroshima
Oração em frente ao Monumento às Crianças
 história de Hiroshima tsurus
Tsurus de outras homenagens

COMO CHEGAR EM HIROSHIMA



Como acontece em quase todos os deslocamentos pelo Japão, a melhor forma para chegar em Hiroshima é com o trem bala. A partir da estação JR de Tokyo são cerca de 5 horas até a estação JR de Hiroshima. Um bom tempo se pensarmos que são mais de 800 km percorridos. E vale lembrar que o passe que falamos acima, o Japan Rail Pass, também pode ser útil neste trajeto.

Já na cidade de Hiroshima dá para fazer muita coisa a pé, de tram (bondinho elétrico) ou de ônibus turístico, Hiroshima Sightseeing. Eu optei pela terceira alternativa, que já estava incluso no Japan Rail Pass. São várias paradas em diversos pontos turísticos da cidade. É só procurar por um ônibus vermelho, na própria estação de trem.

Mas se você prefere um tour guiado para tert alguém te explicando tudo sobre o lugar, indico fechar com a HIS Turismo. Eles vendem JR Pass, roteador de internet, ingressos, e o atendimento é todo em português. E claro que vocês tem desconto 🙂 Só preencher o formulário abaixo pra receber sua cotação sem compromisso!

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    O QUE SENTI QUANDO VISITEI HIROSHIMA


    Visitar o Museu e todo o parque Memorial à Paz foi simplesmente incrível e revelador, mas confesso que me deixou um pouco triste. Fiquei pensativa e um pouco pra baixo no final daquele dia, mas definitivamente saí uma pessoa diferente. Acho que TODOS deveriam ter a oportunidade de visitar e conhecer a história de Hiroshima e deixar ela te envolver e fazer refletir sobre a humanidade. Eu até indico ficar mais de um dia na cidade para poder absorver tudo isso com calma.

    E aí, você faz este tipo de passeio? Conte aqui nos comentários 🙂

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    10 Comentários

    1. Eu vejo que a bomba atômica foi um mal necessário, pois caso não saibam o Japão já estava em guerra anos antes de começar a segunda guerra mundial.
      Pois eles estavam causando a morte de milhões de civis chineses. E as bombas deram um final mais rápido pra guerra evitando que tropas dos Estados Unidos invadissem as principais ilhas japonesas e assim mais 10 milhões de vidas seriam ceifadas. E hoje o Japão é o que é em parte graças aos Estados Unidos pergunte pra qualquer japonês.

    2. Wow Thais, eu estou lendo todos as suas publicações do Japão e tenho que confessar que essa sua postagem está emocionante.
      Eu estarei em Hiroshima no dia 06 de agosto e só de pensar fico arrepiada de como será esse dia de fortes lembranças para os japoneses.
      Bjocas e escreve logo sobre Tóquio e Disney Sea! rs

    3. Wow Thais, eu estou lendo todos as suas publicações do Japão e tenho que confessar que essa sua postagem está emocionante.
      Eu estarei em Hiroshima no dia 06 de agosto e só de pensar fico arrepiada de como será esse dia de fortes lembranças para os japoneses.
      Bjocas e escreve logo sobre Tóquio e Disney Sea! rs